A surdocegueira é uma deficiência específica na qual o
indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da audição e da visão. É considerado
surdocego a pessoa que apresenta as duas limitações, independentemente do grau
da perda auditiva e visual. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida e
não é considerada deficiência múltipla.
Já a deficiência múltipla se caracteriza quando uma
pessoa apresenta mais de uma deficiência. De acordo com a definição legal (Lei
7.853, de 24 de outubro de 1989), é “a associação, no mesmo indivíduo, de duas
ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com
comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na
sua capacidade adaptativa.”
As pessoas com deficiência múltipla apresentam
características específicas, individuais e particulares, e não apresentam
necessariamente os mesmos tipos de deficiência. Podem apresentar comprometimentos
no campo cognitivo, associados a comprometimentos no domínio motor ou no
domínio sensorial, cegueira e deficiência mental; deficiência auditiva e deficiência
mental; deficiência auditiva e autismo e outros.
O termo surdocegueira, adotado para se referir a
pessoas com perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, pode ser
usado para pessoas que apresentam diferentes graus de limitações:
· Surdocego total;
· Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto
visuais.
· Surdocego com surdez profunda associada com resíduo
visual;
· Surdocego com surdez moderada com resíduo visual;
· Surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira;
A surdocegueira pode ser
congênita (quando a pessoa já nasce com a dupla deficiência), ou adquirida,
quando a perda de sentidos se dá com o passar do tempo. Esta última pode ser
classificada em pré linguística (perda antes da aquisição da linguagem) e
pós-linguística (perda após a aquisição da linguagem).
As necessidades básicas de
pessoas com surdocegueira e DMU estão relacionadas à comunicação, interação
social e mobilidade, podendo levá-las a ter reações de isolamento ou de hiperatividade.
O estabelecimento dessas necessidades básicas exige atendimento especializado,
com estimulação especifica e individual, podendo necessitar mediação em
determinados casos.
A falta ou as dificuldades de comunicação
tanto na surdocegueira quanto na deficiência múltipla fazem com que a abordagem
educacional deva ser pensada a partir de estratégias planejadas de forma
sistemática, nas quais a comunicação seja a prioridade. O estabelecimento de
rotinas claras e organizadas de maneira multissensorial é fundamental para
garantir o aproveitamento de todos os sentidos através de atividades significativas
e funcionais.
Algumas estratégias e recursos
que podem ser utilizados para facilitar e ampliar a aquisição da comunicação, especialmente
a nível simbólico, são:
*Calendários:
instrumentos que favorecem o desenvolvimento da noção de tempo e ajudam a
compreender a rotina.
*Objetos de Referência:
São objetos que têm significados especiais, tendo a função de substituir a
palavra.
*Caixa de Antecipação:
permite conhecer os primeiros objetos de referência que anteciparão as
atividades.
*Libras Tátil: língua de sinais utilizada pelas pessoas surdas
adaptada ao tato.
*Datilologia ou Alfabeto Digital: escrever as letras de forma
maiúscula na palma da mão.
Bibliografia:
BRASIL-Ministério da Educação.
Fascículo V. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar -
Surdocegueira e Deficiência Múltipla, 2010
IKONOMIDIS, Vula Maria.
Deficiência Múltipla Sensorial.